Foram 391 contra e 242 votos a favor; primeira proposta da primeira-ministra tinha sido recusada em 15 de janeiro. Prazo para saída do Reino Unido da União Europeia é 29 de março. Theresa May fala no Parlamento na sessão em que se votou novo acordo do Brexit, na terça (12)
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O Parlamento britânico rejeitou nesta terça-feira (12) mais uma vez um acordo proposto pela primeira-ministra Theresa May para o Brexit, aproximando o Reino Unido de uma saída sem acordo da União Europeia no próximo dia 29 ou até mesmo de um adiamento deste prazo.
Foram 391 contra e 242 votos a favor.
Após a divulgação do resultado, May anunciou que na quarta-feira haverá um debate e uma votação sobre a saída sem acordo. “Esta é uma questão de profunda importância”, ressaltou a primeira-ministra, que afirmou que os deputados de seu partido, o Partido Conservador, estão liberados para votar como quiserem.
A votação desta terça aconteceu depois que a proposta original de May foi rejeitada em 15 de janeiro, por 432 votos contra e 202 a favor, a maior derrota do governo na história moderna – o recorde anterior era de 1924, com diferença de 166 votos.
Depois disso, o Parlamento aprovou duas emendas ao projeto: uma delas exigindo que o “backstop” na fronteira com a Irlanda do Norte (leia mais abaixo) seja substituído por “arranjos alternativos para evitar uma fronteira ‘dura'”; e outra, consultiva que “rejeita que o Reino Unido deixe a União Europeia sem um Acordo de Retirada e um Marco para o Futuro Relacionamento”.
Um grande desafio após a rejeição do primeiro plano, que já havia sido aprovado em novembro de 2018 pela União Europeia, foi retomar as negociações, já que o bloco se recusava a discutir alterações ao que já havia acordado.
Na manhã desta terça, May e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciaram novidades sobre o ponto que emperra aprovação do acordo: “backstop” ou “salvaguarda irlandesa”, como ficou conhecida a proposta para a fronteira entre as Irlandas.
Esse mecanismo busca evitar o retorno de uma fronteira física entre a Irlanda (integrante da UE) e a província britânica da Irlanda do Norte (integrante do Reino Unido), para proteger o frágil Acordo de Paz de 1998.
Apoiador do Brexit na frente do Parlamento britânico, em Londres
Tolga Akmen/AFP
May e Juncker concordaram que, caso os europeus não encontrem uma solução definitiva para a fronteira entre as Irlandas, os britânicos poderiam abrir uma “disputa formal” contra o bloco.
Juncker também deu garantias à May de que a União Europeia se compromete a buscar novas alternativas para o backstop até 2020. Mas ele deixou claro que esta é a última vez que ele negocia o acordo com os britânicos.
“É este acordo ou o Brexit poderia não acontecer”, afirmou Juncker, em coletiva de imprensa conjunta com May.
Nesta manhã, May compareceu ao debate no Parlamento e voltou a insistir que existiria o risco de não haver o Brexit, caso o acordo não fosse aprovado. “Se acordo for negado, a incerteza continua”, declarou.