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Livro do ex-conselheiro de segurança nacional expõe contradições nos argumentos dos advogados e amplia pressão para o Senado convocar testemunhas no processo de impeachment Na foto, de fevereiro de 2019, Trump assina memorando com John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional, ao fundo (de óculos).
Leah Millis/Reuters
Logo depois do ataque que matou o general iraniano Qassem Soleimani no início do mês, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton declarou em comunicado estar disposto a testemunhar no processo de impeachment do presidente Donald Trump.
Bolton é um conhecido falcão na política externa e defende há anos ações militares para depor a teocracia dos aiatolás. Teve influência decisiva na saída americana do acordo nuclear com os iranianos e jamais engoliu a aproximação com o ditador coreano Kim Jong-Un.
Sua declaração de que estaria disposto a depor foi vista como deferência a Trump. Bolton foi testemunha próxima do imbróglio envolvendo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que resultou no processo de impeachment. Seu depoimento poderia se revelar decisivo para a absolvição de Trump.
De acordo com uma reportagem de hoje no New York Times, contudo, o que Bolton tem a dizer não agrada Trump em nada. Sua disposição em depor tem aparentemente pouco a ver com a linha-dura belicosa contra o Irã. Bolton parece querer promover seu novo livro, em que narra as intrigas nos intestinos da Casa Branca.
Nas provas do livro obtidas pelo Times, submetidas ao governo para expurgo de informações sensíveis, Bolton afirma que Trump lhe disse que congelaria o auxílio de US$ 391 milhões aprovado pelo Congresso para a Ucrânia até que os ucranianos anunciassem investigações contra o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, democrata favorito a enfrentar Trump nas eleições de novembro.
O conteúdo de Bolton desmente a essência do argumento da defesa de Trump, segundo o qual o pedido de investigações não teve relação com a suspensão da ajuda militar à Ucrânia. Tal vínculo é a principal justificativa da acusação de abuso de poder aprovada pela Câmara no ano passado.
Como Trump dispõe de maioria confortável no Senado – e a condenação exige o voto de dois terços dos senadores –, dificilmente as revelações de Bolton mudam o quadro que aponta para a absolvição de Trump. Mas elas colocam tanto a Casa Branca quanto os senadores republicanos em situação mais complicada.
Para o governo, será difícil justificar o corte das partes comprometedoras no livro de Bolton, pois elas dizem respeito a tema de interesse público evidente e em nada prejudicam a segurança nacional. Para os senadores, a convocação de Bolton impõe um dilema insólito.
Os republicanos pretendiam encerrar o processo de impeachment ainda nesta semana sem convocar nenhuma testemunha, apesar de todas as novas evidências levantadas pela Câmara e divulgadas nos últimos dias. Agora deverão provavelmente votar se convocam Bolton.
Se não convocarem, apesar de conhecerem o conteúdo do livro, darão a impressão de que tentam proteger Trump de um julgamento justo e completo. Se aprovarem a convocação, mas depois absolverem Trump como esperado, o custo político também cairá no colo deles, num ano em que vários tentam a reeleição.
Para convocar Bolton a depor, os democratas precisam convencer apenas quatro senadores republicanos. Um eventual depoimento não reduziria a chance de absolvição (para isso, seria preciso convencer vinte republicanos), mas criaria mais uma oportunidade para Bolton expor as contradições de Trump – e, claro, fazer propaganda de seu livro.

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