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Cúpula em Berlim se encerra com o comprometimento para suspensão de todo apoio militar internacional aos partidos em conflito no país norte-africano. À margem, premiê Johnson confronta Putin sobre caso Skripal. Líderes mundiais discutem neste domingo (19) em Berlim, na Alemanha, saída para a crise na Líbia
Michael Kappeler/Pool via Reuters
Aliados internacionais do governo apoiado pela Organização das Nações Unidas na Líbia e forças rebeldes lideradas pelo general Khalifa Hafter entraram em acordo, neste domingo (19), para respeitar um cessar-fogo iniciado há uma semana e um embargo de armas decretado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, no contexto da guerra civil que assola o país há cinco anos.
O pacto foi selado na conferência em Berlim organizada pelo governo da Alemanha e pela ONU. Esta foi a primeira vez em que se reuniram todos os atores relevantes no conflito.
Entre os presentes estavam o presidente do Governo do Acordo Nacional da Líbia (GNA), Fayez al-Sarraj, apoiado pela Turquia, e Hafter, homem forte do leste do país, liderando o autointitulado Exército Nacional Líbio (LNA) com apoio da Rússia.
“Podemos dizer que a Conferência da Líbia fez uma importante contribuição aos esforços de paz da ONU”, afirmou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, em entrevista coletiva.
“Não há possibilidade de uma solução militar. Precisamos de uma solução política.”
Integrante da ONU observa uma sala queimada durante os confrontos na Líbia
Goran Tomasevic/Reuters
Apesar do otimismo, Merkel se disse ciente de que o acordo não resolve todos os problemas do país. Para a premiê, o resultado da reunião é um impulso para que as partes em conflito busquem uma solução diplomática para a crise:
“Não me deixo iludir, será um caminho difícil.” Merkel destacou que o embargo de armas deve ser fortemente fiscalizado para que seja efetivo.
Discrepâncias e crítica
Angela Merkel, chanceler da Alemanha, recebe o secretário-geral da ONU, António Guterres, para reunião sobre a Líbia em Berlim neste domingo (19)
Michele Tantussi/Reuters
Para que o acordo firmado tenha validade internacional, ele será levado ao Conselho de Segurança da ONU. O documento assinado por 16 Estados e organizações aposta no estabelecimento de uma trégua “duradoura e verificável”, além de pedir que todos os atores envolvidos cumpram o embargo de armas e não contribuam para uma escalada do conflito na Líbia.
O texto defende que uma solução para a crise só pode passar por um processo político controlado e liderado pelos líbios. Além disso, a meta é manter a unidade territorial e a soberania nacional da Líbia.
Líderes mundiais participam em Berlim de encontro sobre a Líbia
Murat Cetinmuhurdar/Turkish Presidential Press Office/Handout via Reuters
A conferência teve o mérito de reunir, pela primeira vez, todos os atores nacionais e internacionais envolvidos no conflito no país norte-africano, em especial por a Alemanha ser um mediador sem grandes interesses diretos no país.
Estiveram presentes os presidentes da França, Emmanuel Macron; Rússia, Vladimir Putin; Turquia, Recep Tayyip Erdogan; e do Egito, Abdul Fatah al Sisi. Também viajaram a Berlim os primeiros-ministros do Reino Unido, Boris Johnson, e da Itália, Giuseppe Conte. Os Estados Unidos foram representados pelo secretário de Estado Mike Pompeo.
Após a cúpula, o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou: “Todos os participantes se comprometeram a renunciar a interferências no conflito armado ou em questões internas da Líbia.”
Na prática, contudo, o general Hafter conta com apoio militar de Rússia, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos, assim como com o respaldo político da França e EUA; enquanto Al-Sarraj é política e financeiramente apoiado por União Europeia, ONU, Itália e Catar, além de receber ajuda militar da Turquia, em violação ao embargo de armas.
Por sua vez, o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, criticou os dois protagonistas do conflito líbio:
“A conferência foi muito útil […], mas é claro que ainda não foi lançado um diálogo sério e estável” entre Hafter e o governo de Al-Sarraj, reconhecido pelas Nações Unidas, comentou.
Johnson confronta Putin
Vladimir Putin (ao centro) participa neste domingo (19) de cúpula em Berlim para definir cessar-fogo na Líbia
Kay Nietfeld/Pool via Reuters
À margem da conferência internacional em Berlim, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou o presidente russo, Vladimir Putin, que a posição do Reino Unido sobre o caso Skripal não se alterou, avisando-o para “não repetir tal ataque” em solo britânico.
O conservador inglês referia-se à tentativa de envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal, com o gás dos nervos Novichok, em 2018, na cidade de Salisbury. Segundo a Justiça britânica, os perpetradores seriam dois agentes do serviço de informação russo.
Ao fundo, Boris Johnson (premiê do Reino Unido) conversa com Vladimir Putin (presidente da Rússia) em cúpula sobre a Líbia neste domingo (19) em Berlim
Sputnik/Aleksey Nikolskyi/Kremlin via Reuters
Johnson advertiu Putin que as ligações entre Moscou e Londres não voltariam ao normal até a Rússia abandonar tais práticas:
“Não haverá normalização da nossa relação bilateral até a Rússia terminar suas atividades desestabilizadoras, que ameaçam o Reino Unido e nossos aliados, e comprometem a segurança dos nossos cidadãos e nossa segurança coletiva.”
Apesar disso, ambos os países teriam a responsabilidade de lidar com questões de segurança internacional como a Líbia, Síria, Iraque e Irã, salientou o premiê, citado pela agência France-Presse.

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