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Rosemere Filliponi e a filha só saem de casa para comprar comida em cidade da Lombardia, região mais atingida pelo coronavírius na Itália. Amalia e sua mãe, Rosemere, estão isoladas em casa, na Itália
Arquivo Pessoal/Rosemere Filliponi
“Todo mundo tem medo de todo mundo”.
É assim que a dona de casa brasileira Rosemere Filliponi, de 52 anos, descreve a situação na Lombardia, região da Itália que se tornou o novo centro da crise ligada ao surto do novo coronavírus.
Moradora da cidade de Stradella, ao lado da área mais atingida — a chamada “zona vermelha” —, ela e a filha de 18 anos estão isoladas em casa há uma semana, quando os primeiros casos começaram a surgir.
As aulas nas escolas foram suspensas e o comércio praticamente não abre as portas.
“Há muitos policiais na rua. Se você sair, eles mandam você voltar. Só deixam você seguir se for ao mercado porque a comida acabou em casa ou à farmácia se estiver doente”, conta Rosemere.
Atualmente, a Itália tem o maior número de casos de coronavírus na Europa e tomou o lugar da China como principal foco de preocupação sobre a covid-19. São mais de 400 infectados e 12 mortes no país.
Silêncio e pânico
Num país em que a população tem a fama de falar alto, o silêncio agora predomina nas ruas da Lombardia.
“Ninguém fala com ninguém. Mesmo no mercado, que é o lugar onde temos que ir, as pessoas estão todas de máscara, ninguém olha para o lado. As farmácias só atendem com vidro blindado, sem contato”, relata Rosemere, que saiu de casa apenas duas vezes em 1 semana, mesmo assim “com medo total”.
Nas ruas, guardas fazem patrulha e perguntam para onde as pessoas estão indo. “Se alguém espirra ou tosse, fica todo mundo em alerta, com medo, em pânico.”
A brasileira também conta que muitos alimentos já estão em falta nas prateleiras e que os preços de produtos de limpeza e máscaras mais que triplicaram. Segundo Rosemere, ela e a filha só têm comida para mais duas semanas.
Ruas de Stradella estão praticamente sem movimento
Arquivo Pessoal/Rosemere Filliponi
Os ônibus e os trens partindo de Stradella também estão suspensos até para cidades próximas, como Milão, a maior metrópole da Itália e capital da Lombardia.
Dentro de casa, o tempo é preenchido por mãe e filha com horas em frente à televisão, além de músicas e conversas pelo celular. “É muita angústia, tédio, não está dando. Estou preocupada com a nossa saúde mental”, conta Amalia Filliponi.
Mãe e filha dizem que os casos de pessoas infectadas estão perto, de professoras a donos de bar na vizinhança.
Rosemere tinha viagem ao Brasil marcada para o dia 10 de março, mas precisou adiar os planos. Amalia iria para Paris com a escola, mas teve o passeio cancelado.
O medo da jovem, agora, é perder o ano letivo e não poder tentar uma vaga na universidade no final do ano.
“Nunca imaginei passar por isso aqui. Estou com muito medo”, conta Rosemere, que chegou ao país onde formou família há 24 anos.
O avanço da doença na Itália também já começa a afetar outros países. Casos na Áustria, Croácia, Grécia, Suíça, Argélia, França, Espanha, Alemanha e Brasil foram ligados a pessoas que estiveram no norte italiano.
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