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No meio da pandemia do novo coronavírus, EUA acusam ditador da Venezuela e cúpula chavista de narcotráfico e lavagem de dinheiro, mas não mobilizam público em nenhum dos dois países . Cartaz do governo americano oferece recompensa por informções que levem à`prisão de Nicolás Maduro
Reuters/DEA
Nem a pandemia do novo coronavírus foi capaz de dar uma trégua na hostilidade entre os EUA e a Venezuela. O Departamento de Justiça acusou o ditador Nicolás Maduro e 13 integrantes da cúpula chavista por narcoterrorismo, lavagem de dinheiro e ainda ofereceu recompensa para quem ajudar a prendê-los.
Maduro e os altos funcionários do governo venezuelano foram apresentados como procurados em cartazes exibidos pelo procurador-geral americano, William Barr, que, embora defenda a prisão, sabe que é improvável executá-la dentro da Venezuela. Na avaliação dos EUA, a captura de Maduro vale US$ 15 milhões e a dos demais, US$ 10 milhões.
O promotor Geoffrey Berman, de Manhattan, resumiu acusações que preveem penas de 50 anos de prisão para o herdeiro político de Hugo Chávez, desde 2013 no comando da Venezuela: “Maduro implantou deliberadamente cocaína como arma.”
São processos que correm em Miami e Nova York e dão conta de uma conspiração liderada por Maduro com guerrilheiros colombianos das Farc para transferir grandes quantidades de cocaína para os EUA, usando a Venezuela como ponto de conexão. Entre os altos funcionários estão o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e o presidente do Tribunal Supremo, Maikel Moreno.
Maduro teve a reação esperada. Disse ser alvo de um complô dos EUA e da Colômbia. Mas o governo logo entrou em ação. Tareck William Saab, o procurador-geral da Assembleia Constituinte — o Legislativo respaldado pelo chavismo — anunciou um processo aberto contra o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, reconhecido por 60 países. Ele é acusado de tentativa de golpe de Estado contra Maduro.
Tudo isso ocorre no meio da pandemia do novo coronavírus, que abala os dois países de forma diferente e mobiliza suas populações. O número de casos nos EUA superou os da China, onde a doença surgiu — pelo menos 80 mil infectados. Com o sistema de saúde depauperado, a Venezuela entra no combate ao vírus em desvantagem.
O procurador-geral William Barr admitiu que a pandemia retardou o anúncio das acusações contra Maduro, mas justificou o sofrimento do povo venezuelano para levar adiante a apresentação das denúncias. O timing foi associado também à campanha eleitoral como tática para beneficiar o presidente Donald Trump junto à comunidade de latinos da Flórida, um dos estados decisivos nas eleições de novembro.
O governo americano foi o primeiro a reconhecer Guaidó como líder venezuelano, em janeiro do ano passado. Contudo, viu frustrados os esforços para debilitar o regime e transformar o líder opositor em presidente. Respaldado pela cúpula militar, Maduro resiste.
A pandemia tranca americanos e venezuelanos em casa e não dá espaço para distrações. Por esta razão, a acusação contra Maduro nos EUA e a investigação contra Guaidó na Venezuela dificilmente mobilizarão a opinião pública. Nem a recompensa milionária foi levada a sério. Ao contrário, inundou as redes sociais venezuelana com memes. Um deles indicava a Trump o Palácio Miraflores como local mais fácil para encontrar o ditador.

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