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Conflito entre os norte-americanos e o Talibã, que acontece no Afeganistão, já dura 18 anos; trégua parcial e o acordo podem ser um marco importante. O Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, chega ao local de assinatura do acordo de paz com o Talibã neste sábado (29) em Doha, no Catar.
Ibraheem al Omari/Reuters
O governo dos Estados Unidos e do Afeganistão anunciaram neste sábado (29) em Doha, no Catar, a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da Otan, a aliança militar do Norte, do território afegão. O anúncio é consequência da assinatura de um acordo entre EUA e Talibã.
A retirada das tropas americanas do Afeganistão depende do cumprimento, pelo Talibã, de compromissos previstos no acordo. O líder do Talibã, Abdul Ghani Baradar, declarou que o grupo está comprometido com o pacto firmado com os americanos.
“A coalizão completará a retirada de suas forças restantes do Afeganistão dentro de 14 meses após o anúncio desta declaração conjunta e do acordo EUA-Talibã… sujeito ao cumprimento pelo Talibã de seus compromissos sob o acordo EUA-Talibã”, afirmou o comunicado conjunto divulgado pelos dois países.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, declarou que alguns pontos no pacto entre Estados Unidos e Talibã precisarão de “consideração” e serão discutidos com o grupo islâmico. “Esperamos que o acordo leve a um cessar-fogo permanente”, disse.
Torres Gêmeas emitem grande nuvem de fumaça após serem atacadas em 11 de setembro de 2001
The New York Times
Inicialmente, os Estados Unidos se comprometeriam a reduzir, em um prazo de quatro meses e meio, suas forças no território afegão para 8.600 soldados.
A assinatura do acordo deste sábado ocorre após uma trégua parcial de uma semana no Afeganistão, com o objetivo de criar confiança e mostrar que o Talibã pode controlar suas forças.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a aliança apoia o acordo e está preparada para “ajustar e reduzir” sua presença no país. No entanto, ele também frisou que, se a situação na região piorar, os podem voltar a aumentar sua atuação.
“A paz é longa e dura e precisamos nos preparar para retrocessos e dificuldades”, declarou Stoltenberg.
Em discurso pouco antes da assinatura, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pediu ao Talibã que cortasse os laços com a Al-Qaeda e mantivesse a luta contra o Estado Islâmico. Ele também declarou que a paz iria requerer “trabalho e sacrifício de todos os lados”.
“Continuem comprometidos com o acordo, sentem-se com o governo afegão, e a comunidade internacional estará pronta para retribuir”, disse Pompeo.
Ele frisou que os Estados Unidos precisam garantir a segurança de seus aliados e ter certeza de que não teriam mais ameaças terroristas vindas do Afeganistão. “Nós faremos o que for necessário para proteger o nosso povo”, declarou.
Invasão
As forças armadas dos EUA ocupam o Afeganistão desde 7 de outubro de 2001, quando invadiram o país em resposta aos ataques de 11 de setembro.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 100 mil civis foram mortos ou feridos no conflito apenas na última década. Desde o início dos conflitos, os EUA gastaram cerca de US$ 1 trilhão (R$ 4,5 trilhões) em despesas militares no Afeganistão.
Em 2001, quando aconteceram os ataques de 11 de setembro nos EUA, o Talibã, grupo islâmico radical então liderado pelo Mohammed Omar controlava 90% do Afeganistão, embora nunca tenha sido reconhecido como governo pela ONU. Os únicos países que reconheciam a autoridade dos talibãs eram a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Paquistão.
Após os ataques nos Estados Unidos, o presidente americano à época, George W. Bush, revidou com uma invasão do Afeganistão por este dar abrigo à rede Al-Qaeda, responsável pelos atentados terroristas. Paquistão e Arábia Saudita se tornaram aliados na luta ao terror, e os talibãs passaram a fazer luta armada contra os americanos e o novo governo afegão constituído.
Desde então, tropas americanas lutavam contra essa insurgência.
Redução da violência
No dia 21 de fevereiro, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse em um comunicado que os negociadores em Doha chegaram a um acordo para a redução da violência no Afeganistão.
Em seu comunicado, Pompeo afirmou que as negociações entre os distintos grupos afegãos começarão após a assinatura do acordo deste sábado. As negociações desejam alcançar “um cessar-fogo completo e permanente e um roteiro político para o Afeganistão”.
Foto de junho de 2018 mostra combatentes talibãs comemorando com moradores uma trégua de 3 dias organizada por causa do feriado muçulmano do Eid al-Fitr, na província de Nangarhar
Rahmat Gul/AP
Segundo Pompeo, o progresso feito até agora mostra que existe “esperança” e representa “uma oportunidade real” para a paz. Para o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, o acordo abre caminho para uma “paz duradoura no Afeganistão”.
“[O acordo] Pode pavimentar o caminho para as negociações entre os afegãos, uma paz duradoura e garantir que o país não seja mais um refúgio seguro para terroristas”, declarou em comunicado.
Conheça a história do Talibã
Retirada de tropas
Segundo a agência France-Presse, uma primeira retirada de 8,6 mil soldados deve ocorrer em breve. A movimentação está condicionada ao progresso das negociações de paz entre o governo do presidente Ashraf Ghani e os talibãs.
Os insurgentes também devem garantir que o Afeganistão não seja mais usado por grupos jihadistas como a Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico, para lançar ataques no exterior. Os EUA justificaram sua intervenção no país pela implementação da Al-Qaeda no território afegão com o apoio dos talibãs.
Suspeitos insurgentes do Talibã capturados e suas armas são apresentados para a imprensa em Ghazni, no Afeganistão, em 2016
Mustafa Andaleb/Reuters
Trégua parcial
O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu várias vezes trazer as tropas de volta e acabar com as “guerras estúpidas”. As negociações em Doha passaram por dias difíceis, principalmente quando, em setembro de 2019, Trump interrompeu a nona rodada de diálogo com vários tuítes.
A falta de confiança entre o governo afegão e o Talibã alimenta um clima de crise política. Além disso, Washington se recusa a reconhecer completamente a reeleição do presidente Ashraf Ghani, após eleições marcadas por denúncias de fraude.
Em 21 de fevereiro, os insurgentes e os Estados Unidos anunciaram uma semana de redução de suas operações militares e, no domingo, Trump disse que assinaria pessoalmente um acordo de paz com o Talibã.
Por sua vez, o vice-comandante talibã, Sirajuddin Haqqani, escreveu no “New York Times” na semana passada que “todo mundo está cansado da guerra”.
‘Progresso substancial’
Em comunicado divulgado na sexta-feira, Trump lembrou que trazer as tropas americanas que estão no Afeganistão de volta e acabar com a guerra estavam entre suas promessas de campanha. “Estamos fazendo progresso substancial em relação a essa promessa”, afirmou.
“Se o Talibã e o governo do Afeganistão cumprirem esses compromissos, teremos um caminho poderoso para terminar a guerra no Afeganistão e trazer nossas tropas para casa. Esses compromissos representam um passo importante para uma paz duradoura em um novo Afeganistão, livre da Al-Qaeda, do ISIS (Estado Islâmico) e de qualquer outro grupo terrorista que queira nos fazer mal. Por fim, caberá ao povo do Afeganistão construir seu futuro. Por isso, exortamos o povo afegão a aproveitar esta oportunidade de paz e um novo futuro para seu país”, disse ainda o presidente americano.

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