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Vizinhos da China, três países têm baixo número de infectados com políticas que envolvem quarentena rigorosa e controle de fronteiras desde início de surto na China. Equipe médica acompanha evacuação de prédio em Hong Kong onde foram encontrados dois casos suspeitos de coronavírus
Anthony Wallace/AFP
Taiwan, Singapura e Hong Kong estão próximos a China, mas contrariaram as expectativas de também contarem com um alto número de casos de coronavírus ao conseguirem manter o controle diante da pandemia sem fazer uso de nenhuma medida drástica. Os três países eram especialmente vulneráveis, pois estão na lista de principais destinos dos chineses nas viagens nas comemorações do Ano Novo Chinês – este ano, em janeiro.
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Os três países tentam evitar que o pesadelo com a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), em 2003, se repita e colocam em prática algumas lições aprendidas na época. “A experiência foi crua e muito, muito visceral. E por trás disso, sistemas melhores foram implantados”, afirmou Jeremy Lim, co-diretor do Instituto de Liderança para Transformação Global da Saúde da Universidade Nacional de Singapura, segundo a revista “Time”.
“A preparação para uma epidemia começa anos antes de um surto. Se [o] número de leitos ou médicos fosse cortado ao longo dos anos, por exemplo, seria muito difícil compensá-lo em um curto período de tempo”, afirmou à “Time” a diretora de saúde e assistência da Federação Internacional da Sociedade da Cruz Vermelha, Emanuele Capobianco.
Desde 2003, devido a epidemia de síndrome respiratória, Taiwan criou um centro de controle de epidemias. Com isso, em janeiro, o governo já compilou uma lista de 124 itens de ação, que incluíam controle de fronteiras, políticas escolares e de trabalho, planos de comunicação pública e avaliação de recursos hospitalares.
Pessoas usam máscaras em um shopping de Taiwan, sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
Chiang Ying-ying/AP
Números de infectados
Ainda é cedo para qualquer tipo de comemoração, mas é fato que o baixo número de infectados nos três países contrasta com os da China e outras partes do mundo.
Neste sábado (14), o Ministério da Saúde chinês informou que elevou a 3.189 o número total de óbitos na China continental (sem contar os balanços das regiões de Hong Kong e Macau). Mais de 80,8 mil pessoas foram contaminadas no país. Na Espanha, segundo balanço deste sábado, há 5.753 infectados e 136 mortos. O país é o segundo mais afetado da Europa pela doença.
Até este sábado, Singapura tinha confirmado 212 casos e nenhuma morte entre uma população de 5,6 milhões de pessoas. Atualmente, Hong Kong, que tem 7,3 milhões de habitantes, apresenta 131 casos confirmados, incluindo 4 mortes, contra os mais de 1.350 da província chinesa de Guangdong, que é vizinha a Hong Kong.
Já Taiwan conta com 50 casos confirmados – entre eles, uma morte – para uma população de cerca de 23,7 milhões de pessoas.
A chave do sucesso até agora tem sido a decisão de responder rapidamente desde o início. Veja a seguir as principais medidas adotadas:
Controle de fronteiras
Em Taiwan, desde janeiro, todas as pessoas que chegavam de Wuhan, o epicentro do surto, eram submetidas a testes de saúde.
Em fevereiro, os três países restringiram a entrada de passageiros vindos de quase todo o continente, indo contra a indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que informava naquele momento que a proibição de viagens não era necessária.
Exames e monitoramento
Segundo a revista “Time”, um estudo da Universidade de Harvard indica que Singapura detectou três vezes mais casos do que a média global devido à forte vigilância das doenças e rastreamento de contato direto. O processo funciona 24 horas por dia, sete dias por semana e consiste não só em exames, mas também entrevistas com os pacientes e ações envolvendo autoridades.
Além disso, propagandas do governo e anúncios em jornais insistem para que pessoas com sintomas leves procurem seus médicos e deixem de ir às escolas e trabalhos. Os testes são feitos gratuitamente. E o governo ainda arca com as despesas médicas de residentes que entrem para a lista de caso suspeito ou confirmado.
Em Singapura, equipes de hospitais fizeram uma força-tarefa para entrevistar os passageiros vindos do exterior e saber detalhes de seus paradeiros, quando as informações não eram suficientemente claras ou estavam indisponíveis. Imagens de segurança em empresas de transportes e hotéis também eram utilizadas na pesquisa.
Quarentena rigorosa
Em Singapura, os protocolos de quarentena e isolamento são bastante rigorosos e aplicados com firmeza. Segundo a revista “Time”, um homem perdeu seu status de residente permanente por desobedecer às regras, e um casal foi levado ao tribunal após fornecer informações falsas sobre seu histórico de viagem.
Além disso, o governo oferece aos trabalhadores autônomos cerca de US$ 73 por dia de quarentena e proíbe que os empregadores descontem os dias de quarentena das férias anuais.
Em Taiwan, a punição para quem descumprir a quarentena é de US$ 33.200, segundo o jornal americano “The New York Times”, e a fiscalização tem sido realizada por rastreamento do telefone do enfermo.
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Distanciamento social e proibição de aglomerações
Assim que a epidemia começou a atravessar as fronteiras da China, Hong Kong colocou algumas ações de distanciamento social em prática.
As escolas devem permanecer fechadas até a Páscoa, por exemplo. Muitas empresas também estão sem funcionamento ou, então, pediram para seus funcionários trabalharem de casa.
E os próprios moradores decidiram se isolar voluntariamente em suas casas, deixando tradicionais ruas de comércio, cinemas e igrejas vazios. Eventos com grandes aglomerações foram proibidos.
Reforço da prevenção individual
As autoridades de Taiwan fazem um controle na distribuição de máscaras cirúrgicas, tanto em seu estoque quanto no preço a serem vendidas no mercado. Além disso, insistem nos comunicados do uso de máscaras e de cuidados com a higiene.
Em Singapura, campanhas de saúde pública reforçam a importância de cinco hábitos de higiene pessoal: usar lenços ao tossir ou espirrar; não compartilhar talheres durante refeições em grupo; usar bandejas enquanto faz as refeições para evitar contaminação em caso de queda de bebidas ou alimentos; manter os banheiros públicos secos e limpos e lavar as mãos regularmente.
Fora isso, desde o início da epidemia, o governo recomendava o uso de máscaras para pessoas doentes.
Comunicação efetiva
Outra medida importante para deixar as pessoas vigilantes, mas sem pânico, é a comunicação efetiva. A revista “Time” cita Lee Hsien Loong, primeiro-ministro de Singapura, como um exemplo a ser seguido.
Loong fez um discurso nos quatro idiomas oficiais da cidade-estado assim que os estoques dos supermercados começaram a sumir, após o governo elevar o alerta para a doença a apenas um nível abaixo do máximo. A intenção era diminuir a ansiedade, explicando o que o governo estava fazendo para controlar a epidemia.
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