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Coalizão inédita dos conservadores do ÖVP com o Partido Verde visa tanto a proteção do clima, como também das fronteiras austríacas. Mas tema da imigração é visto como provável ponto de atrito na aliança. Sebastian Kurz, que deve voltar ao cargo de chanceler da Áustria, fala com apoiadores em Viena neste domingo (29), dia das eleições no país.
Leonhard Foeger/Reuters
Os conservadores na Áustria asseguraram sua volta ao poder ao formalizarem na quarta-feira (01) uma inédita coalizão de governo entre o Partido Popular (ÖVP) e o Partido Verde. A aliança acontece após três meses de negociações que se seguiram às eleições austríacas. Tema da imigração é visto como provável ponto de atrito.
O acordo marca uma guinada à esquerda para o ex-chanceler Sebastian Kurz, do Partido Popular (ÖVP), que governou o país até maio do ano passado em uma conturbada coalizão com a legenda populista de direita Partido da Liberdade (FPÖ).
A nova formação faz com que os austríacos se tornem o terceiro país europeu a incluir os verdes como parceiro no governo federal, depois da Suécia e da Finlândia.
“Conseguimos unir o melhor de dois mundos”, disse Kurz, ao lado de Werner Kogler, o líder do Partido Verde. “É possível proteger tanto o clima quanto as fronteiras”, afirmou. Ambos serão, respectivamente, chanceler e vice-chanceler do novo governo.
“É possível reduzir a carga de impostos e deixar mais ecológico o sistema tributário”, disse Kurz, mencionando algumas das principais promessas de campanha das duas legendas. Os verdes querem avançar um pacote de investimentos com medidas favoráveis ao meio ambiente e aumentar os preços dos produtos que causem danos ambientais.
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As eleições de setembro na Áustria foram realizadas após um escândalo de corrupção envolvendo o FPÖ, que pôs fim ao governo após apenas 18 meses. O curto período bastou para que o chanceler de 33 anos ficasse marcado pela postura rígida contra a imigração. O tema, aliás, deverá ser um dos maiores desafios para a nova coalizão, após a série de medidas anti-imigração adotadas pelo governo anterior deixarem a opinião pública bastante dividida.
Interesses em jogo
Para o Partido Verde, que tem muitos opositores a Kurz e sua política anti-imigração, a coalizão é vista como uma oportunidade para promover uma mudança na política na Áustria, com foco maior nas questões ambientais.
“Sobre o tema das mudanças climáticas, conseguimos concordar, possivelmente, em mais do que imaginávamos anteriormente”, disse Kogler, de 58 anos. “A Áustria deverá se tornar um líder europeu e internacional nas questões climáticas”, exaltou. Ele foi escolhido como líder do partido após a legenda sofrer uma derrota humilhante nas eleições de 2017, atribuída a divisões e disputas internas.
Já para Kurz, a volta ao poder significa uma oportunidade para tentar suavizar sua imagem, após os estragos gerados pelo fracasso da coalizão com os populistas de direita, que se envolveram em controvérsias de cunho antissemita e xenófoba. A imigração, porém deve permanecer como um ponto de atrito entre conservadores e verdes.
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Imigrantes na mira
Segundo a imprensa austríaca, alguns pontos do programa de governo incluiriam a proibição do uso do véu islâmico nas escolas para meninas de idade até os 14 anos e prisão preventiva para migrantes considerados potencialmente perigosos, mesmo os que não tenham cometido nenhum crime.
Essas propostas teriam como objetivo não apenas satisfazer a base conservadora, mas também agradar os eleitores desiludidos com o FPÖ, que caiu em desgraça após o então líder da legenda ultradireitista Heinz-Christian Strache ser flagrado em vídeo se oferecendo para facilitar contratos públicos.
Entretanto, para que a coalizão possa chegar até o final do mandato de cinco anos, os verdes terão de demonstrar capacidade para atingir objetivos concretos em algumas das principais áreas do governo. O partido controlará apenas quatro dos 15 ministérios, sendo estas as pastas do Meio Ambiente, Transportes, Infraestrutura e Energia.
O FPÖ, por sua vez, deverá ficar com os ministérios das Finanças, Interior, Defesa e Exterior, entre outros. A distribuição dos ministérios reflete de maneira aproximada a proporção dos votos recebidos pelas duas legendas nas eleições, quando o ÖVP obteve 37,5% contra 13,9% do Partido Verde.

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