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Decisão ocorre após presidente turco ser criticado por violar acordo e permitir passagem de migrantes com o objetivo de pressionar a União Europeia. Tensão continua na fronteira terrestre com a Grécia. Grupo de imigrantes em um bote no Mar Egeu tenta se aproximar da ilha de Lesbos, em 6 de março de 2020
Umit Bektas/Reuters
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ordenou na noite de sexta-feira (06) que a Guarda Costeira do país impeça que os migrantes atravessem o mar Egeu, informou a imprensa turca.
A ordem ocorre poucos dias depois de um menino de seis anos morrer após o bote em que ele viajava com a família afundar nas proximidades da ilha grega de Lesbos.
O presidente turco vem sendo criticado por permitir e até mesmo incentivar o movimento de migrantes na última semana em direção à Grécia, como forma de pressionar a União Europeia.
O Mar Egeu estende-se da Grécia até à Turquia e é umas das rotas de migração mais utilizadas na região.
“Por ordem do presidente nenhum migrante será autorizado a atravessar o mar Egeu devido aos riscos implicados”, afirmou o corpo de guardas costeiros citado pela agência de informação Anadolu.
“A prática de não intervir contra migrantes que desejavam deixar a Turquia se mantém, mas esta nova decisão se aplica aos que atravessam o mar, devido aos riscos de que isso representa”, acrescentou.
Os guardas costeiros turcos afirmaram que, na quinta-feira, 97 migrantes foram resgatados depois que “a parte grega desinflou três botes, deixando-os meio afundados no meio do mar”.
A ordem do presidente só se aplica à travessia do mar. Não parece ter ocorrido qualquer mudança em relação à política de permitir que os migrantes sigam em direção à fronteira terrestre com a Grécia, onde nos últimos dias foram registrados choques com as autoridades fronteiriças. Neste sábado, pelo menos 1.200 migrantes, a maioria do Afeganistão e do Paquistão, tentaram cruzar a fronteira.
Ancara e Atenas têm trocado acusações em relação aos migrantes e refugiados.
Os turcos denunciam a brutalidade das autoridades da Grécia contra as pessoas que tentam chegar à Europa, e os gregos acusam a Turquia de pressionar e auxiliar o êxodo.
Nos últimos dias, a tensão entre Ancara e Bruxelas aumentou após a Turquia ter anunciado a abertura de fronteiras para deixar passar milhares migrantes e refugiados que desejam seguir para a UE, ameaçando rasgar um acordo anterior com a Europa.
Desde então, as forças de segurança gregas dizem ter impedido 39.000 pessoas de atravessar a fronteira. A Turquia diz que o número real é mais de três vezes superior.
A UE e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no qual Ancara se comprometia a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de bilhões de euros em ajuda financeira.
Mas Ancara afirma que outros termos do acordo com a União Europeia, entre eles a facilitação de vistos e o estabelecimento de determinadas regras comerciais, não foram respeitados.
Erdogan lembrou ainda que a Turquia abriga mais de 3,5 milhões de refugiados sírios e anunciou que iria “abrir as portas” da Europa. Ele fez o anúncio depois da morte de várias dezenas de soldados turcos num ataque aéreo na Síria.
Na sexta-feira (6), o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, afirmou em entrevista à CNN que o acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre refugiados e migrantes está “morto” por causa das ações da Turquia.
Mais de vinte mil refugiados foram para fronteira entre Turquia e Grécia
“Sejamos honestos, o acordo está morto”, disse Mitsotakis. “E ele morreu porque a Turquia decidiu violar completamente o acordo, por causa do que aconteceu na Síria”.
O primeiro-ministro grego reconheceu que a Turquia abriga mais de 3 milhões de refugiados sírios, mas sublinhou que “a Turquia não vai chantagear a Europa com esse problema”.
“Não fomos nós os que agravamos esse conflito. Temos todos os direitos de proteger as nossas fronteiras soberanas”, disse.

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