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Trump reforça a divisão com seu discurso à nação, fazendo do Capitólio palco de comício eleitoral e reality show. Nancy Pelosi rasga cópia do discurso de Trump, no dia 4 de fevereiro de 2020
Juliane Monteiro/G1
Foi um discurso em que o presidente americano deixou explícito o desconcertante estado da desunião dos EUA. Em seu melhor estilo, Donald Trump dirigiu a exposição anual no Congresso como comício eleitoral, alternando-o com dramáticos momentos de um reality show.
Trump usou o palco do plenário da Câmara dos Representantes, que em dezembro o condenou por abuso de poder e obstrução do Congresso, para vangloriar-se de seu governo, desdenhar as gestões de seus antecessores e também para emocionar seu eleitor.
Ofereceu bolsa de estudo a uma estudante negra, condecorou com a Medalha da Liberdade o radialista conservador Rush Limbaugh, diagnosticado com um câncer avançado, mas que consolidou sua carreira por declarações racistas e xenófobas. Em horário nobre, reuniu um militar que acabara de chegar do Afeganistão com a mulher e os filhos pequenos.
Trump durante o discurso de Estado da União, nesta terça-feira (4)
REUTERS/Leah Millis/POOL
Estes dias são de glórias para o presidente, que mais tarde deverá se safar do impeachment no Senado e registra a popularidade recorde de 49%, segundo pesquisa do Gallup. Seus adversários democratas, por outro lado, amargam dias nebulosos: a estreia desastrosa no caucus de Iowa, a inviabilidade de prorrogar o julgamento do impeachment no Senado de maioria republicano e a ausência de um candidato que unifique partido até novembro.
A plateia no plenário da Câmara refletiu a divisão e o rancor: republicanos eufóricos, democratas calados. Pelo menos dez boicotaram o discurso do presidente e se retiraram enquanto ele falava.
O maior foco de tensão neste confronto partidário teve Trump e a presidente da Casa, Nancy Pelosi como protagonistas. Ele deixou a veterana congressista democrata com a mão estendida, quando ela fez menção de cumprimentá-lo. Pelosi retribuiu o gesto dando ao discurso o seu final mais épico: rasgou, página por página, a cópia do relatório que Trump acabara de proferir.
“Não havia nada verdadeiro ali”, justificou.
O presidente reforçou a divisão e dirigiu-se essencialmente à sua base, a quem assegurou que jamais permitirá que os EUA se tornem um país socialista. Celebrou os números da economia, condenou o aborto, reforçou o compromisso de proteger os direitos dos americanos a terem armas de fogo, apoiou as orações em escolas públicas, vociferou contra imigrantes ilegais. Não abordou a crise ambiental, embora tenha prometido plantar três milhões de árvores.
Trump passou ao largo do impeachment, como se fosse comportamento padrão um chefe de Estado pressionar outro governo a investigar seu adversário político. Assumiu o crédito por todas as conquistas do governo, atribuiu aos antecessores todos os fracassos.
“Em apenas três anos, destruímos a mentalidade do declínio americano. Estamos avançando num ritmo inimaginável há pouco tempo e nunca mais vamos retroceder.”
Como observou o colunista Eugene Robinson, do “Washington Post”, mais da metade dos americanos gostaria de retroceder à era pré-Trump. Mas falta encontrar a saída deste labirinto.

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