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Depois das derrotas de ontem, sua chance de vencer Biden nas primárias é quase nula – mas será impossível aos democratas ignorar as ideias dele daqui para frente O senador de Vermont e pré-candidato democrata Bernie Sanders, durante comício em St. Louis, Missouri, na segunda-feira (9)
Tim Vizer/AFP
Apenas dez dias atrás, Joe Biden já havia disputado três vezes a candidatura democrata à Presidência dos Estados Unidos, sem jamais ter vencido uma prévia. Pois ontem ganhou a décima-quinta – e praticamente garantiu a vitória sobre o rival Bernie Sanders nas primárias. A dúvida agora não é mais quem vencerá, mas se Sanders deveria renunciar em nome da união do partido contra Donald Trump.
Biden venceu não só nos estados do Sul em que era franco favorito, Mississippi e Missouri. Garantiu a vitória também no estado mais valioso, o Michigan, onde Sanders derrotara Hillary Clinton em 2016 (contra todas as previsões) – e cujos 125 delegados eram críticos neste ano para qualquer reação futura. De lambuja, Biden levou também Idaho, onde Sanders ainda acreditava ter chances.
Depois da vitória em pelo menos quatro dos seis estados que votaram ontem, a margem de Biden em número de delegados deverá crescer para perto de 150 (algo como 880 contra uns 730). É uma vantagem que Sanders não conseguirá mais superar. Ainda mais com o calendário desfavorável nas próximas duas semanas, dividido entre as disputas em que não tem chance nenhuma (Flórida, Arizona e Geórgia) e aquelas em que tem chances ínfimas (Ohio e Illinois).
A ressurreição da candidatura Biden, depois das derrotas humilhantes em Iowa e New Hampshire no início de fevereiro, demonstra dois fatos inquestionáveis – e em boa medida antagônicos – sobre os democratas:
Eles acreditam que um candidato de perfil moderado, como Biden, tem mais chances contra Trump do que um autoproclamado “socialista democrático”;
Apesar disso, uma ala representativa do eleitorado apostou no outsider que nem sequer pertence ao partido e defende um programa com propostas mais à esquerda. Mesmo que prefiram Biden, dois terços dos democratas apoiam propostas como a saúde universal gratuita e maiores impostos sobre os ricos.
O desfecho das primárias servirá para definir até que ponto Biden aceitará fazer concessões a tal programa, em nome do apoio daqueles eleitores que não votaram nele nas primárias. Uma renúncia de Sanders, agora que suas chances de vitória são praticamente nulas, tornaria mais fácil a negociação em torno de suas propostas.
O desafio político para Biden é atrair os eleitores de Sanders sem afastar os moderados que apostaram em sua candidatura. Um sinal de quanto estaria disposto a ceder à ala esquerda virá na indicação à vice-presidência, que poderia ir para alguém como a ex-deputada da Geórgia Stacey Abrams ou mesmo a ex-candidata Elizabeth Warren (cujas ideias se aproximam do programa de Sanders).
Biden tem ao seu lado bons argumentos para evitar ao máximo concessões ao programa sanderista. Primeiro, a rejeição a Trump é tão forte entre os democratas, que elas fariam pouca diferença para levar mais gente às urnas. Mesmo que uns 20% digam que não votariam nele, o mais provável é que muitos acabem votando, nem que por gravidade.
Segundo, Biden demonstrou, de acordo com pesquisas de boca de urna, boa penetração em todos os eleitorados do partido. Naturalmente entre os negros (público diante do qual confirmou o favoritismo), mas também entre as mulheres, entre os moradores dos subúrbios de inclinação republicana e até entre os brancos sem nível superior (essenciais para uma vitória contra Trump nos estados críticos do Meio-Oeste).
O alto comparecimento tem supreendido os analistas, demonstrando que Biden, apesar da personalidade apagada e do pouco carisma, também desperta o interesse do eleitor, característica crucial num país onde o voto é facultativo. Sua única dificuldade está entre os jovens, eleitorado que ainda prefere Sanders por larga margem. Mas jovens não costumam ir votar na mesma proporção que os mais velhos, amplamente favoráveis a Biden.
O candidato democrata deverá ser favorecido, por fim, pela confusão decorrente da inépcia do governo Trump para lidar com a nova variante de coronavírus, que já atinge proporções epidêmicas nos Estados Unidos e interrompeu o bom momento da economia americana. O vírus esvaziará debates e comícios, deixará a disputa democrata em segundo plano no noticiário – e não será esquecido até novembro.

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