[ad_1]


Presidentes dos EUA e do Brasil indicam pressa para flexibilizar quarentena antes mesmo do pico da pandemia em seus países, com objetivo de salvar economia, em detrimento da saúde da população. Bolsonaro durante entrevista sobre o coronavírus no dia 18 de março
REUTERS/Adriano Machado
Com a pandemia do novo coronavírus em curva ascendente nos EUA, onde há pelo menos 46 mil casos comprovados e 600 mortos, o presidente Donald Trump estabeleceu a Páscoa como prazo para os americanos voltarem à normalidade. O presidente Jair Bolsonaro também tem pressa para reabrir a economia. Em pronunciamento, pregou o fim do confinamento em massa e o funcionamento de escolas e comércio.
Ambos caminham na direção oposta do resto do mundo, trancado em quarentena, estratégia fundamental para retardar a propagação do vírus e evitar o colapso do sistema hospitalar. A maioria dos líderes europeus cogita estender a duração dos bloqueios, a despeito de suas consequências para a economia.
Trump e Bolsonaro, contudo, desprezam os repetidos alertas de autoridades de saúde e da comunidade científica sobre a necessidade de distanciamento social como medida de proteção. Apelam para a flexibilização destas restrições quando EUA e Brasil sequer enfrentaram o pico da doença.
Em ano eleitoral, a tese do presidente americano é de que uma economia danificada pode gerar mais mortes do que as causadas pelo Covid-19. “Nosso país não foi construído para ser fechado”, resumiu. Bolsonaro se afasta da realidade, seguindo a linha de que somente os idosos estão ameaçados pelo vírus.
“Podemos nos distanciar socialmente e ir trabalhar”, assegurou Trump. Como assim? O presidente americano, copiado pelo brasileiro, ignora ou finge ignorar a grande parcela de portadores assintomáticos do novo coronavírus que dissemina o contágio.
Tanto os EUA quanto o Brasil não seguiram o protocolo de rastreamento de doentes para, assim, monitorar a dimensão do problema. Para isso, seria necessária a implementação rigorosa de testes — limitados nos dois países. Ninguém é capaz de afirmar, com segurança, quantos estão doentes e quantos estão assintomáticos.
Como observou Jamelle Bouie, colunista do “The New York Times”, Trump sacrificará os americanos ao coronavírus, para salvar o mercado e suas perspectivas de reeleição. “Dada a escolha entre solidariedade e barbárie, Trump escolherá barbárie.”
O retorno prematuro ao trabalho e ao convívio social é insensato e em desalinho com as experiências constatadas na China, na Itália e na Espanha. Os presidentes americano e brasileiro enviam sinais contraditórios à população, gerando ainda mais ansiedade e incerteza em países de realidades econômicas tão contrastantes. E eximem-se também da responsabilidade pelos reflexos mais drásticos da pandemia, que ainda estão por vir.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui