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Retirada ocorre em momento tenso na política afegã: dois candidatos à Presidência se declararam vencedores nas eleições do país. Foto de 2009 mostra soldados dos EUA no Afeganistão
Manpreet Romana/AFP
As tropas dos Estados Unidos começaram nesta terça-feira (10) a deixar duas bases militares do Afeganistão. A retirada ocorre no momento em que devem começar as negociações de paz entre o governo afegão e o grupo extremista islâmico Talibã, com a violência e a crise política no país como pano de fundo (leia mais abaixo sobre os desafios no país asiático).
Segundo o acordo assinado no mês passado em Doha todas as forças estrangeiras devem abandonar o Afeganistão em um período de 14 meses, desde que o Talibã cumpram seus compromissos na área de segurança. O texto pode colocar um fim à guerra mais longa já enfrentada pelos EUA.
Americanos e grupo islâmico estão em guerra no Afeganistão desde 2001
G1
O acordo estipula que o governo dos Estados Unidos tem que reduzir inicialmente o contingente no Afeganistão de 12 mil para 8,6 mil até meados de julho. Além disso, os norte-americanos devem fechar cinco das 20 bases que têm no país.
Os militares começaram a abandonar uma base em Lashkar Gah, capital da província de Helmand (sul), e outra em Herat (leste), informou à AFP uma fonte norte-americana que pediu anonimato.
EUA ainda observam violência
Soldado do exército afegão faz guarda em local onde ocorreu ataque suicida perto de uma academia militar em Cabul, no Afeganistão, em fevereiro
Rahmat Gul/ AP
Apesar das saídas, as forças americanas mantêm “todos os recursos militares e a autoridade para cumprir seus objetivos”, afirmou na segunda-feira o coronel Sonny Leggett, porta-voz do contingente americano.
Helmand, que ao lado da província vizinha de Kandahar é considerada um reduto dos talibãs, foi cenário dos confrontos mais violentos da guerra que começou há 18 anos.
Omar Zwak, porta-voz do governador de Helmand, disse à AFP que entre 20 e 30 estrangeiros deixaram Lashkar Gah desde o fim de semana.
Crise no Afeganistão
Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, discursa em coletiva de imprensa em Cabul neste domingo (1º)
Rahmat Gul/AP Photo
Após o acordo, os talibãs, que afirmam ter conquistado uma “vitória” contra os Estados Unidos, continuam executando ataques de baixa intensidade contra as forças afegãs. Até o momento, as forças americanas responderam a apenas alguns deles.
Segundo os termos do acordo de retirada das tropas estrangeiras, o Talibã deve impedir as ações dos jihadistas e de grupos como o Estado Islâmico ou a Al-Qaeda, além de iniciar negociações com o governo afegão.
Porém, o governo do Afeganistão enfrenta uma situação caótica e parece incapaz de apresentar uma frente unida nas negociações com o Talibã.
Abdullah Abdullah (à esquerda) comemora vitória autoproclamada nas eleições presidenciais do Afeganistão nesta segunda-feira (9)
AFP PHOTO / AFGHANISTAN’S OFFICE OF FOMER CHIEF EXECUTIVE
Tanto o chefe de Estado oficialmente reeleito, Ashraf Ghani, como o opositor Abdullah Abdullah — que alegou fraudes nas eleições — se declararam presidentes, em cerimônias paralelas, o que levou o país a uma crise institucional.
Washington expressou na segunda-feira sua firme oposição à formação de um “governo paralelo” no Afeganistão.
“Nos opomos firmemente a qualquer ação para estabelecer um governo paralelo e qualquer uso da força para resolver as divergências políticas”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
Tudo isto acontece no momento em que deveria começar o diálogo dentro do Afeganistão, com talibãs, autoridades do governo, da oposição e da sociedade civil, para tentar encontrar uma área de consenso sobre o futuro do país. A divisão dentro do Executivo enfraquecerá o governo afegão e reforçará as posições insurgentes, afirmam os analistas.

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