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Ao proibir viagens entre EUA e Europa, Trump adota tom xenófobo ao referir-se a vírus que já se enraizou no país como agente estrangeiro Presidente dos EUA, Donald Trump, durante audiência do dia 10 de março de 2020 com representantes de planos de saúde sobre casos de novo coronavírus nos EUA
Leah Millis/Reuters
O presidente Donald Trump usou o solene cenário do Salão Oval para declarar guerra à pandemia de coronavírus, à qual, até o início da semana, demonstrava desprezo e subestimava seus riscos. Ao proibir, por 30 dias, as viagens entre Europa e EUA, referiu-se ao Covid-19 como inimigo externo. mou o vírus de “estrangeiro”, quando, na verdade, já está enraizado em território americano.
Trump leu trechos conhecidos de sua cartilha divisiva, em tom militarista e xenófobo: entre os autoelogios à política econômica de seu governo, buscou um culpado e falou como se estivesse diante de um invasor ou de um agente terrorista.
“O vírus não terá chance contra nós. Nenhuma nação é mais preparada ou mais resiliente que os Estados Unidos.”
As medidas de Trump disseminaram ainda mais confusão, sobretudo entre os líderes do bloco europeu, que não teriam sido informados sobre a decisão. Excluíram também o Reino Unido, que enfrenta dificuldades para conter a epidemia no período pós-Brexit. Até a manhã desta quinta-feira, havia 460 casos registrados entre os britânicos, cifra maior do que a maioria dos países europeus.
O presidente não deixou claro como seria executada a proibição. Foi obrigado a recorrer, mais tarde, ao Twitter, para esclarecer que o comércio de mercadorias está fora do pacote. Autoridades do governo indicaram, por outro lado, que a proibição de viagens não se aplicará aos cidadãos americanos e residentes permanentes nos EUA.
Trump não abordou também a falta de testes no país para detectar o coronavírus, razão pela qual especialistas em saúde alertam que os 1.200 casos registrados nos EUA estão subestimados e fora da realidade.
Desde o início do surto, o presidente vem manifestando seus desacertos com autoridades de saúde de seu governo. Diante dos alertas de que o sistema hospitalar não comportará o fluxo de doentes e a situação se deteriorará nos próximos dias, Trump tem insistido que o risco para os americanos é “muito baixo”.
As mensagens contraditórias ajudam a propagar pânico e também descrédito, sobretudo se tratadas em momento eleitoral. A pandemia põe em xeque a capacidade do presidente diante do maior desafio de sua presidência: a preservação da saúde dos americanos e da economia.
No segundo pronunciamento realizado no Salão Oval em três anos, Trump deveria transmitir tranquilidade diante de uma ameaça à segurança do país. Mas, ao contrário, exibiu desconforto.

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