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Líderes da extrema direita europeia entram em ação para pregar o fechamento de fronteiras a fim de proteger seus países do coronavírus. Turistas usam máscaras durante passeio na galeria Vittorio Emanuele II, em Milão, na Itália, na segunda-feira (24)
Miguel Medina/AFP
A disseminação dos casos do coronavírus a partir da Itália empurra novamente a Europa para um conhecido dilema: manter ou não suas fronteiras abertas. Líderes da extrema direita no continente reencontraram no risco de pandemia o terreno fértil para propagar seus ideais xenófobos, em nome da proteção e da segurança de seus cidadãos.
O uso político da doença tem o ex-ministro italiano Matteo Salvini, da Liga Norte, e a presidente da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, como seus principais defensores. Ambos exploram o vírus como plataforma para apregoar a necessidade de blindar fronteiras, como fez Salvini assim que os casos na Itália começaram a se multiplicar em velocidade preocupante.
Ele ainda pediu a renúncia do premiê Giuseppe Conte, ao vincular o surto ao navio de resgate da ONG Ocean Viking, com 276 imigrantes africanos a bordo, que atracou no porto siciliano de Pozzallo.
Por enquanto, o Covid-19 teve apenas um caso confirmado na África. Por medida de precaução, os passageiros foram postos em quarentena. Mas Salvini contra-ataca com uma tática manjada: aproveita-se da disseminação da doença e do pânico que gera na população para atacar a política do governo para os refugiados.
Matteo Salvini, da ultradireitista Liga Norte
Reuters
A decisão de fechar as fronteiras, em caráter temporário, é prevista no Acordo de Schengen, em vigor há mais de 30 anos para manter em ação a livre circulação de pessoas, o princípio básico que rege a União Europeia. Pode ocorrer sempre que a segurança de um país estiver em risco. Em 2015, seis países — Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega e França — suspenderam, por exemplo, o acordo para impedir a entrada de refugiados oriundos da Grécia em direção ao norte do continente.
Um estudo divulgado esta semana por especialistas da Universidade de Chicago, da Universidade da Califórnia e da Escola de Medicina Tropical e Higiene de Londres constatou, no entanto, a ineficácia nas triagens entre viajantes. O método não detecta o vírus em mais da metade das pessoas infectadas que ainda não desenvolveram os sintomas.
Até agora, a solução de blindar fronteiras, como querem os líderes nacionalistas e populistas, tem sido descartada por autoridades europeias. Houve apenas uma pontual interrupção no serviço de trens entre Áustria e Itália, no último domingo.
“Fechar fronteiras seria uma medida desproporcional e ineficaz neste momento”, avaliou o ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, após reunir-se com colegas europeus.
Ainda que venha a ser adotada para conter a eventual pandemia, a drástica decisão de implementar controles fronteiriços deve obedecer a demandas científicas e nunca a pressões de grupos políticos ultranacionalistas, interessados apenas no isolamento de seus países.
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